JUNG E O TARO - WordPress

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SALLIE NICHOLSJUNG E O TAROUma jornada arquetípicaLAURENS VAN DER POSTdigital source@yahoogrupos.com.br

ParaCulver NicholsMeus agradecimentos aos seguintes amigos que ajudaram a dar início a esta Jornada do Taro, esem cujos incentivos e conselhos o nosso navio nunca teria chegado ao porto: Janet Dallett, Rhoda Head,Ferne Jensen, James Kirsch, Rita Knipe, Claire Oksner, Win Sternlicht, William Walcott e Lore Zeller.AgradecimentosA autora faz os seguintes agradecimentos pela permissão para usar material de Copyright:À Chatto and Windus Ltd. pela autorização para fazer citações de The Savage and BeautifulCountry de Alan McGlashan.À Wesleyan University Press pela autorização para fazer citações de Thresholds oflnitiation deJoseph L. Henderson.À Spring Publications, Box 1, University of Dallas, Irving, Texas, pela licença para fazer citaçõesde An Introduction to the Psychology of Fairy Tales de Marie-Louise von Franz; de Lectures on Jung'sTypology de Marie-Louise von Franz e James Hillman; de "The Influence of Alchemy on the Work of C. G.Jung" de Aniela Jaffé, publicado por Spring, 1967; de Anima and Animas de Emma Jung; de "The SpiritMercury as Related to the Individuation Process" de Alma Paulsen, estampado em Spring, 1966; de TheProblem of the Puer Aeternus de Marie-Louise von Franz; de "Interpretation of Visions" de C. G. Jung,estampado em Spring, 1962; de "The Shadow of Death" de Kristine Mann, estampado em Spring, 1962;de "Angels as Archetype and Symbol" de Amy I. Allenby, estampado em Spring, 1963.À Princeton University Press pela permissão para reproduzir trechos de The Collected Works ofC.G.Jung. Bollingen Series XX, Vol. 7: Two Essays on Analytical Psychology, tradução de R. F.C. Hull,Copyright 1953, 1966; Vol. 9, I: The Archetypes and the Collective Unconscious, tradução de R. F. C. Hull,Copyright 1959, 1969; Vol. 10: Civilization in Transition, tradução de R. F. C. Hull, Copyright 1964, 1970;Vol. 11: Psychology and Religion: West and East, tradução de R. F. C. Hull, Copyright 1953, 1968; Vol.13: Alchemical Studies, tradução de R. F.C. Hull, Copyright 1967; Vol. 14: Mysterium Coniunctionis,tradução de R. F. C. Hull, Copyright 1965, 1970; Vol. 15: The Practice of Psychotherapy, tradução de R.F. C. Hull, Copyright 1954, 1966: Vol. 17: The Development of Personality, tradução de R. F. C. Hull,Copyright 1954; Vol. 18: The Symbolic Life, tradução de R. F. C. Hull, Copyright 1950, 1953, 1955, 1958,1959, 1963,1968, 1969, 1970,1976; Vol. 19: General Bibliography ofC. G. Jung's Writings, compilada por

Lisa Ress, com a assistência de colaboradores, Copyright 1979; Psychological Reflections de C. G. Jung;A New Anthology of His Writings, organizada por Jolande Jacobi e R. F. C. Hull, Bollingen Series XXXI,Copyright 1953, 1970; de The Mythic Image de Joseph Campbell, Bollingen Series C, Copyright 1974; deThe Great Mother de Erich Neumann, tradução de Ralph Manheim, Bollingen Series XLVII, Copyright1955.À Macmillan Publishing Co. pela autorização para fazer citações de Mythologies de W. B. Yeats,Copyright 1959, e de Collected Poems, Copyright 1961.À C. G. Jung Foundation pela permissão para fazer citações de The Myth of Mearúng de AnielaJaffé, traduzido para o inglês pela C. G. Jung Foundation; de Ego and Archetype de Edward F. Edinger,Copyright 1972; de Psyche and Death de Edgar Herzog, publicado por G. P. Putnam's Sons, Nova Iorque,para a C. G. Jung Foundation for Analytical Psychology; de CG:Jung, His Myth in OUT Time de MarieLouise von Franz, Copyright 1975.À William Morris Agency pela licença para fazer citações de The DeviVs Picture Book, de PaulHuson, Copyright 1971.À Random House, Inc. pela permissão para fazer citações de The Age of Anxiety de W. H. Auden,Copyright 1947.À University of Chicago Press pela autorização para fazer citações de The Forge and the Cruciblede Mircea Eliade, Copyright 1978 pela autora.À VDcing Press, Inc. pela permissão para fazer citações de The Portable Blake (William Blake),Copyright 1946.À Prentice-Hall, Inc. pela licença para fazer citações de The Far Side ofMadness de John WeirPerry.A Oxford University Press pela autorização para fazer citações de The Poems of Gerard ManleyHopkins (organizado por W. H. Gardner e N. H. MacKenzie).À Harcourt Brace Jovanovich, Inc. pela permissão para fazer citações dos T. 5. Elliot CollectedPoems 1909-1962, Copyright 1963, 1964 pelo autor.À W. W. Norton & Company pela autorização para fazer citações de A divina comédia, tradução deJohn Ciardi, edição de 1977; de Duino Elegies de Rainer Maria Rilke, tradução de J. B. Leishman eStephen Spender, Copyright 1939.

À Routledge & Kegan Paul Ltd. pela autorização para fazer citações de The Tavistok Lectures deC. G. Jung (agora C. W., Vol. 18, Princeton University Press).A Cambridge University Press pela permissão para fazer citações de My View of the World deErwin Shrõdinger, Copyright 1964.À Doubleday & Company pela licença para fazer citações de "Symbolism in the Visual Arts" deAniela Jaffé em Man and his Symbob de C. G. Jung, Copyright 1964, Aldus Books Londres. Taro deMarselha impresso por J. M. Simon/Grimaud, França.Às Cartas do Baralho Suíço de Taro IJJ (Copyright 1974), ao baralho de Taro Rider-Waite(Copyright 1971) e ao Tarocchi Visconti-Sforza (Copyright 1975) reimpressos com licença do U. S.Games Systems, Inc., Nova Iorque e de AGMuller, Suíça.Ao Taro Aquariano pintado por David Palladini, impresso por Morgan Press, Dobbs Ferry, NovaIorque, reimpresso com autorização.A Tate Gallery, Coleção Particular, Londres, pela autorização para reimprimir o Satan ExultingOver Eve de William Blake.Ao Museu de Cluny, França, pela licença para reimprimir A Mão de Deus de Auguste Rodin.A Princeton University Press pela autorização para reproduzir Psychology and Alchemy, de C. W.12, Figuras 36, 60, 91, 213, 226.Envidaram-se esforços para entrar em contato com os detentores do Copyright do material citadoneste livro. Entretanto, se mesmo assim infringimos algum Copyright, apresentamos nossas sincerasescusas e prazerosamente agradeceremos em futuras edições.

SUMÁRIOIntrodução1.Introdução ao Taro2.Mapa da Jornada3.O Louco no Taro e em Nós4.O Mago: Criador e Embusteiro5.A Papisa: Suma Sacerdotisa do Taro6.A Imperatriz: Madona, Grande Mãe, Rainha do Céu e da Terra7.O Imperador: Pai da Civilização8.O Papa: A Face Visível de Deus9.O Enamorado: Vítima do Erro Dourado de Cupido10.O Carro: Leva-nos Para Casa11.Justiça: Há Alguma?12.O Eremita: Há Alguém Aí?13.A Roda da Fortuna: Socorro!14.A Força: De Quem?15.O Enforcado: Suspense16.Morte: A Inimiga17.Temperança: Alquimista Celeste18.O Diabo: Anjo Negro19.A Torre da Destruição: O Golpe da Libertação20.A Estrela: Raio de Esperança21.A Lua: Donzela ou Ameaça?22.O Sol: Centro Brilhante23.Julgamento: Uma Vocação24.O Mundo: Uma Janela Para a Eternidade25.Ao Deitar as CartasLISTA DE ILUSTRAÇÕESFig. 1 Cavaleiro de Ouros

Fig. 2 O Carro (Taro Sforza)Fig. 3 Mapa da JornadaFig. 4 O Louco (Baralho de Marselha)Fig. 5 O Louco (Baralho Suíço)Fig. 6 O Louco (Baralho Waite)Fig. 7 O Louco (Baralho Aquariano)Fig. 8 O Louco (Antigo Taro Francês)Fig. 9 Rei e BufãoFig. 10 Squeaky Fromme como O LoucoFig. 11 Deus Criando o UniversoFig. 12 O Mago (Baralho de Marselha)Fig. 13 Moisés Tirando Água da RochaFig. 14 A Separação dos ElementosFig. 15 A Mão de DeusFig. 16 O Mago (Baralho Waite)Fig. 17 A Papisa (Baralho de Marselha)Fig. 18 AstarteFig. 19 A Suma Sacerdotisa (Baralho Waite)Fig. 20 "A Fêmea Surgiu da Escuridão Dele"Fig. 21 Deus Criando as Duas Grandes LuzesFig. 22 A Imperatriz (Baralho de Marselha)Fig. 23 Vierge Ouvrante (Fechada)Fig. 24 Vierge Ouvrante (Aberta)Fig. 25 A Imperatriz (Baralho Waite)Fig. 26 Peggy Guggenheim como A ImperatrizFig. 27 Figura reclinadaFig. 28 Kali, a TerrívelFig. 29 O Rei está Morto, Viva a Rainha!Fig. 30 A Condessa Castiglione segurando uma moldura como máscara

Fig. 31 O Imperador (Baralho de Marselha)Fig. 32 Águia esquimóFig. 33 O Papa (Baralho de Marselha)Fig. 34 O sinal da ExcomunhãoFig. 35 O Enamorado (Baralho de Marselha)Fig. 36 O Carro (Baralho de Marselha)Fig. 37 O Carro (Antigo Baralho Florentino)Fig. 38 Três HeróisFig. 39 A Justiça (Baralho de Marselha)Fig. 40 Maat, a deusa egípciaFig. 41 A Justiça (Baralho do século XV)Fig. 42 O Eremita (Baralho de Marselha)Fig. 43 Eremitas Zen executando jocosamente tarefas caseirasFig. 44 A Roda da Fortuna (Baralho de Marselha)Fig. 45 Edipo e a EsfingeFig. 46 A Roda da Fortuna (Taro Sforza)Fig. 47 A Força (Baralho de Marselha)Fig. 48 Sansão e o LeãoFig. 49 Leda e o CisneFig. 50 O Rapto de EuropaFig. 51 Ártemis, Senhora das FerasFig. 52 A Cigana AdormecidaFig. 53 O Enforcado (Baralho de Marselha)Fig. 54 A Morte (Baralho de Marselha)Fig. 55 O Buda arrependidoFig. 56 A Ilha dos MortosFig. 57 Crânio humano adornadoFig. 58 Deus mexicano da MorteFig. 59 Morte: Soldado Abraçando Moça

Fig. 60 Calavera do Dândi FemininoFig. 61 Temperança (Baralho de Marselha)Fig. 62 O Diabo (Baralho de Marselha)Fig. 63 Satanás Exultando Sobre EvaFig. 64 O Diabo (Baralho de Waite)Fig. 65 A Tentação de Cristo na MontanhaFig. 66 MefistófelesFig. 67 O Diabo (Taro Italiano)Fig. 68 Uma Menina PossuídaFig. 69 O Diabo com GarrasFig. 70 A Casa de Deus (Baralho de Marselha)Fig. 71 Fotografia de um raioFig. 72 A Estrela (Baralho de Marselha)Fig. 73 A Noite EstreladaFig. 74 A Lua (Baralho de Marselha)Fig. 75 Lagosta de OuroFig. 76 A Lua (Baralho de Manley P. Hall)Fig. 77 A Lua (Baralho do século XV)Fig. 78 A TerraFig. 79 O Sol (Baralho de Marselha)Fig. 80 Gêmeos alquímicos num vasoFig. 81 O Julgamento (Baralho de Marselha)Fig. 82 O Mundo (Baralho de Marselha)Fig. 83 O Mundo (Taro Sforza)Fig. 84 Anima MundiFig. 85 Quadrando o círculoFig. 86 O Mundo (Antigo Taro Francês)Fig. 87 Adoração na Manjedoura

IntroduçãoUma das principais fontes de incompreensão da natureza e da magnitude da contribuição de Jungpara a vida do nosso tempo deve-se à presunção de que o seu interesse maior se concentrava no que eleveio a chamar ''inconsciente coletivo" no homem. É verdade que ele foi o primeiro a descobrir e explorar oinconsciente coletivo e a dar-lhe uma importância e um significado realmente contemporâneos.Posteriormente não foi o mistério desse desconhecido universal na mente do homem, mas um mistériomuito maior, que lhe obcecou o espírito e conduziu toda a sua investigação, a saber, o mistério daconsciência e da sua relação com o grande inconsciente.Não é de admirar que fosse ele o primeiro a estabelecer a existência do maior e do maissignificativo de todos os paradoxos: o inconsciente e o consciente existem num estado profundo deinterdependência recíproca e o bem-estar de um é impossível sem o bem-estar do outro. Se alguma veza conexão entre esses dois grandes estados de ser for diminuída ou danificada, o homem ficará doente edespojado de significação; se o fluxo entre um e outro for interrompido por muito tempo, o espírito e avida humana na Terra serão remergulhados no caos e na velha noite. Para ele, por conseguinte, aconsciência não é, como acreditam, por exemplo, os positivistas lógicos do nosso tempo, um simplesestado de mente e espírito intelectual e racional. Não é alguma coisa que dependa exclusivamente dacapacidade do homem para a articulação, como sustentam algumas escolas de filosofia moderna, a pontode afirmar que o que não puder ser articulado verbal e racionalmente não tem sentido e não é digno deexpressão. Pelo contrário, ele provou empiricamente que a consciência não é apenas um processoracional e que o homem moderno, precisamente, está doente e destituído de significação porque, porséculos desde a Renascença, perseguiu cada vez mais um desenvolvimento enviesado no pressupostode que a consciência e os poderes da razão são a mesmíssima coisa. E se alguém achar que isso éexagero, é só lembrar do "Penso, logo existo!" de Descartes e logo identificará a arrogância européia queocasionou a Revolução Francesa, gerou uma prole monstruosa na Rússia Soviética e está produzindo asubversão do espírito criador do homem no que foram outrora cidadelas de significado vivo como igrejas,universidades e escolas em todo o mundo.Jung apresentou provas, extraídas do seu trabalho entre os chamados "loucos" e as centenas depessoas "neuróticas" que lhe pediam uma resposta para os seus problemas, de que a maior parte dasformas de insanidade e desorientação mental eram causadas por um estreitamento da consciência e de

que, quanto mais estreita e mais racionalmente focalizada fosse a consciência do homem, tanto maiorseria o perigo de hostilização das forças universais do inconsciente coletivo, a tal ponto que elas selevantariam, por assim dizer, em rebelião e esmagariam os últimos vestígios de uma consciênciapenosamente adquirida pelo homem. Não, a resposta, para ele, era clara: apenas mediante um trabalhocontinuado para o aumento da consciência o homem encontrava o seu maior significado e a realizaçãodos seus valores mais altos. Ele estabeleceu, para recolocá-lo em seu paradoxo nativo, que aconsciência é o sonho permanente e mais profundo do inconsciente, e que até onde se pode traçar ahistória do espírito do homem, até onde ele se desfaz do mito e da lenda, o inconsciente lutouincessantemente para lograr uma consciência cada vez maior; uma consciência que Jung preferia chamarde "percepção". Essa "percepção" para ele, e para mim, incluía toda a sorte de formas não-racionais depercepção e conhecimento, tanto mais preciosas porque são as pontes no meio da riqueza inexaurível dosignificado ainda não compreendido do inconsciente coletivo, sempre pronto para carrear reforçosdestinados a expandir e fortalecer a consciência do homem, empenhado numa campanha sem fim contraas exigências da vida no aqui e agora.Esta talvez seja uma das suas mais importantes contribuições para uma nova e mais significativacompreensão da natureza da consciência: Só poderia ser renovada e ampliada, na medida em que a vidaexigisse que ela fosse renovada e ampliada, pela manutenção de suas

para a vida do nosso tempo deve-se à presunção de que o seu interesse maior se concentrava no que ele veio a chamar ''inconsciente coletivo" no homem. É verdade que ele foi o primeiro a descobrir e explorar o inconsciente coletivo e a dar-lhe uma importância e um significado realmente contemporâneos. Posteriormente não foi o mistério desse desconhecido universal na mente do