Análise De Postura E Carga Através Dos Métodos Owas E Niosh . - Abepro

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XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.ANÁLISE DE POSTURA E CARGAATRAVÉS DOS MÉTODOS OWAS ENIOSH EM UMA FÁBRICA DESORVETES NO SUL DO BRASILMary Helen Ribeiro dos Santos (UTFPR )mary hrs@hotmail.comGuatacara dos Santos Junior (UTFPR )guata@utfpr.edu.brAndre Luiz Soares (UTFPR )andresoares03@hotmail.comAntonio Augusto de Paula Xavier (UTFPR )augustox@utfpr.edu.brBruno Samways dos Santos (UTFPR )bruno.samways@gmail.comA Ergonomia busca em sua essência melhorar as condições darealização das atividades humanas, tanto em relação aos seusinstrumentos quanto aos ambientes em que essas atividades sãorealizadas, buscando sempre adaptar o trabalho ao homem. AAqualidade de vida da saúde do trabalhador em uma organizaçãomoderna depende do seu desempenho na área de ergonomia. Umaforma de avaliação deste desempenho pode se dar através do uso deinstrumentos de avaliação de riscos ergonômicos. Assim, este estudotem por objetivo analisar os postos de trabalho de uma linha deprodução de sorvetes localizada na cidade Ponta Grossa, PR, com ointuito de avaliar as posturas adotadas pelos funcionários no exercíciode seu trabalho, bem como analisar o levantamento de cargas. Paraatingir este objetivo, foram empregadas metodologias de análiseergonômica, sendo o método OWAS para análise de postura e ométodo NIOSH para análise de carga. Os resultados obtidosdemonstraram que há poucas preocupações quanto à postura, porémos postos 1 e 3 devem receber atenção durante a próxima análiseergonômica para que a situação atual possa ser melhorada. Porém emrelação à carga, foram encontradas cargas de peso acima do limiterecomendado nos postos 2 e 7, sendo que o posto 7 é o caso crítico nafábrica, pois o operador está levantando uma carga aproximadamente3 vezes maior que o recomendado.Palavras-chaves: Ergonomia, carga, postura

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.1. IntroduçãoA qualidade de vida da saúde do trabalhador em uma organização moderna depende do seudesempenho na área de ergonomia. Uma forma de avaliação deste desempenho pode se daratravés do uso de instrumentos de avaliação de riscos ergonômicos.O nome Ergonomia tem origem grega, onde ergon “significa” trabalho, e nomos significa“regras”. Existem várias definições para Ergonomia, que acabam por significar praticamente amesma coisa. Segundo a IEA apud Dul e Weerdmeester (2004), tem-se que: Ergonomia éuma disciplina científica que estuda as interações dos homens com outros elementos dosistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de projeto, com o objetivo demelhorar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. Porém uma das definiçõesmais claras e sucintas é a de Iida (2005), que diz que Ergonomia é a adaptação do trabalho aohomem.A Ergonomia busca em sua essência melhorar as condições da realização das atividadeshumanas, tanto em relação aos seus instrumentos quanto aos ambientes em que essasatividades são realizadas, buscando sempre adaptar o trabalho ao homem. Segundo Iida(2005), a análise ergonômica dos postos de trabalho é parte do estudo das interações entrehomem, máquina e ambiente, abrangendo, dessa forma a análise da tarefa, da postura e dosmovimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e cognitivas. Nesse contexto, apostura é um fator vital na saúde e bem-estar do trabalhador e de relevante preocupação nasorganizações, pois pode causar diminuição de produtividade, dores, problemas de coluna eabsenteísmo. De acordo com Rio e Pires (2001), a otimização do trabalho é um fatorfundamental para o sucesso de pessoas e organizações, num mundo de alta competição, emque saúde e excelência de desempenho são aspectos fundamentais.Assim, este estudo tem por objetivo analisar os postos de trabalho de uma linha de produçãode sorvetes localizada na cidade Ponta Grossa, PR, com o intuito de avaliar as posturasadotadas pelos funcionários no exercício de seu trabalho, bem como analisar o levantamentode cargas. Para atingir este objetivo, foram empregadas metodologias de análise ergonômica,sendo o método OWAS para análise de postura e o método NIOSH para análise de carga.2

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.2. ErgonomiaA ergonomia é um campo do conhecimento, cujo objetivo é analisar o trabalho, de forma apoder contribuir com a concepção e/ou transformação das situações e dos sistemas detrabalho. A análise do trabalho real permite à ergonomia determinar as informações que umoperador dispõe para realizar seu trabalho, definindo as características essenciais de uma novasituação de trabalho: os dispositivos técnicos, os meios de trabalho, o ambiente e aorganização de trabalho, além das competências e das representações dos operadores(MATOS e PROENÇA, 2003; SOUSA e PROENÇA, 2004; BRASIL, 2013).Iida (2005) define ergonomia como sendo a adaptação do trabalho ao homem. Em princípio, aergonomia volta-se para aspectos que se enquadram em uma perspectiva baseada na fisiologiae na psicologia cognitiva. As questões tratadas têm como ponto de partida aquilo que pode serexplicado por estudos que privilegiam aspectos antropométricos, biomecânicos, consumo deenergia, órgãos sensoriais, neurofisiologia, entre outros.Mais recentemente, com o desenvolvimento de conhecimentos provenientes da psicologiacognitiva, assim como a sua aplicação nos mais variados projetos, o campo da ergonomiatem-se transformado significativamente. Na tentativa de buscar uma síntese entre os diversosaspectos humanos com relação ao trabalhar, a ergonomia tem estudado o ser humano emsituação de trabalho, utilizando metodologias e teorias voltadas para a compreensão da ação,do fazer (SZELWAR et al., 2004).As características de um ambiente de trabalho refletem, de maneira expressiva, as qualidadesdo trabalhador (ALVAREZ, 1996). Um local de trabalho deve ser sadio e agradável, queproporcione o máximo de proteção, sendo o resultado de fatores materiais ou subjetivos, edeve prevenir acidentes, doenças ocupacionais, além de proporcionar melhor relacionamentoentre a empresa e o empregado (FIEDLER, VENTUROLI e MINETTI, 2006). Entre osfatores relacionados à ambiência do trabalho, destacam-se a temperatura, a umidade, aventilação, a iluminação, a cor, a sonorização (ruídos), a postura e o movimento (SILVA,1995).3. Biomecânica Ocupacional3

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.A biomecânica ocupacional é uma parte da biomecânica geral, que se ocupa dos movimentoscorporais e forças relacionados ao trabalho. Assim, preocupa-se com as interações físicas dotrabalhador, com o seu posto de trabalho, máquinas, ferramentas e materiais, visando reduziros riscos de distúrbios músculo-esqueléticos. Analisa basicamente a questão das posturascorporais no trabalho, a aplicação de forças, bem como as suas consequências (IIDA, 2005).3.1. PosturaPostura é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco emembros, no espaço (IIDA, 2005). A postura frequentemente é determinada pela tarefa e peloposto de trabalho, seja sentado ou em pé, e quando inadequada e prolongada produz tensõesmecânicas nos músculos, ligamentos e articulações que resultam em dores no pescoço, costas,ombros e punhos (DUL; WEERDMEESTER, 2004). Cada componente do posto de trabalhodeve ter sua própria adequação ergonômica, onde deve adaptar-se às característicasanatômicas e fisiológicas dos seres humanos, principalmente no que se refere aos sistemasmusculoesquelético e óptico (RIO E PIRES, 2001). Porém, nenhuma postura é neutra, enenhuma má postura é adotada por alguém livremente, mas é resultado de um conjunto defatores, como: características da tarefa, condições de trabalho, formas fisiológicas ebiomecânicas de manutenção do equilíbrio ou as características do meio de trabalho.O quadro 1 apresenta a localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadas.Quadro 1 – Localização das dores no corpo, provocadas por posturas inadequadasPostura inadequadaRisco de doresEm péPés e pernas (varizes)Sentado sem encostoMúsculos extensores do dorsoAssento muito altoParte inferior das pernas, joelhos e pésAssento muito baixoDorso e pescoçoBraços esticadosOmbros e braçosPegas inadequadas em ferramentasAntebraçoPunhos em posição não neutrasPunhosRotação do corpoColuna vertebral4

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.Ângulo inadequado assento/encostoMúsculos dorsaisSuperfícies de trabalho muito baixas ou altasColuna vertebral, cintura escapularFonte: IIDA (2005)3.1.1. Problemas posturaisA má postura pode acarretar vários problemas de saúde. Muitos desses problemas acabamocorrendo na coluna vertebral, e são mais difundidos do que outros. A seguir temos algumaspatologias decorrentes da postura incorreta.a) LordoseÉ um aumento da concavidade posterior da curvatura na região cervical ou lombar,acompanhado por uma inclinação dos quadris para frente (IIDA, 2005). A lordose passa a serconsiderada uma deformação quando atinge um ângulo superior a 60 na coluna cervical ouestá entre 40 e 60 na coluna lombar, passando a chamar-se hiperlordose. Na figura 2 épossível observar na imagem 1 a coluna normal e na figura 2 a coluna com lordose.Figura 1 – Coluna normal e coluna com lordoseFonte: Info escolab) CifoseCaracteriza-se por um aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente na regiãotorácica, correspondendo ao corcunda. Tal condição acentua-se em idosos (IIDA, 2005).Figura 2 – Coluna com lordose5

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.Fonte: Info escolac) EscolioseÉ caracterizado por um desvio lateral da coluna. Vista de frente ou de costas, a pessoaaparenta estar pendendo para um lado (IIDA, 2005).Figura 3 – Coluna com escolioseFonte: Info Escolad) Hérnia de discoEntre as vértebras cervicais, torácicas e lombares, estão os discos intervertebrais, estruturasem forma de anel, constituídas por tecido cartilaginoso e elástico cuja função é evitar o atritoentre uma vértebra e outra e amortecer o impacto. A Hérnia de Disco ocorre quando aconteceo deslocamento do disco intervertebral para fora de seu compartimento natural, protegido porligamentos (RIO; PIRES, 2001).Figura 4 – Imagem do disco invertebral normal e rompido6

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.Fonte: Na Lei, 2009De acordo com Rio e Pires (2001), a hérnia de disco nem sempre é um evento agudo, masevolui ao longo dos anos e pode, eventualmente, ser precipitada para fora de seucompartimento natural por esforços relativamente pequenos.e) TendiniteÉ uma condição atribuída à lesão no tendão e sua inserção no osso. Freqüentemente atendinite está relacionada a uma ocupação ou exercício físico. No ombro temos a tendinitebicipital e do supraespinhoso que levam a dor e impotência funcional. A tendinite tambémpode afetar os tendões bíceps e do tríceps, embora essas lesões sejam bem menos comuns(CERVI et al, 2009), e também pode ocorrer no punhos e mãos.3.1.1 Sitema de avaliação: OWASUm sistema prático de registro, chamado OWAS (Ovako Working Posture Analysing System)foi desenvolvido por três pesquisadores finlandeses. Eles começaram com análisesfotográficas das principais posturas encontradas tipicamente na indústria pesada eencontraram posturas típicas (IIDA, 2005), as quais são apresentadas na figura 5.Figura 5 – Sistema OWAS para registro de postura7

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.Fonte: IIDA (2005)O quadro 2 apresenta a classificação das posturas pela combinação da variável (dorso, braços,pernas e carga).Quadro 2 – Classificação das posturasFonte: IIDA (2005)Com base nas avaliações, as posturas foram classificadas nas seguintes categorias (IIDA,2005):8

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. Classe 1: postura normal, que dispensa cuidados, a não ser em casos excepcionais; Classe 2: postura que deve ser verificada durante a próxima revisão rotineira dosmétodos de trabalho; Classe 3: postura que deve merecer atenção a curto prazo; Classe 4: postura que deve merecer atenção imediata.Essas classes dependem do tempo de duração das posturas, em percentagens da jornada detrabalho ou da combinação das quatro variáveis (dorso, braços, pernas e carga).3.2. Levantamento de cargasO manuseio de cargas é responsável por grande parte dos traumas musculares entre ostrabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares são causados porlevantamento de cargas e 20%, puxando ou empurrando-as. Isso tem ocorrido principalmentedevido á grande variação das capacidades físicas, treinamentos insuficientes e frequentessubstituições de trabalhadores homens por mulheres. Torna-se, então, necessário conhecer acapacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as tarefas e asmáquinas sejam corretamente dimensionadas dentro desses limites (IIDA, 2005).A Norma Regulamentadora NR17 (BRASIL, 1990) define que “Transporte manual de cargasdesigna todo transporte no qual o peso da carga é suportado inteiramente por um sótrabalhador, compreendendo o levantamento e a deposição da carga” e tem o objetivo deadaptar os postos de trabalho às características psicofisiológicas dos seres humanos.Figura 6 – Levantamento de carga9

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.Fonte: IIDA (2005)A capacidade de carga máxima varia bastante de uma pessoa pra outra. Varia tambémconforme se usem as musculaturas das pernas, braços ou dorso. As mulheres possuemaproximadamente a metade da força dos homens para o levantamento de pesos (IIDA, 2005).A capacidade de carga é influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outrascaracterísticas como formas, dimensões e facilidade de manuseio. No caso de tarefasrepetitivas, deve-se determinar, primeiro, a capacidade de carga isométrica das costas, que é acarga máxima que uma pessoa consegue levantar, flexionando as pernas e mantendo o dorsoreto, na vertical. A carga recomendada para movimentos repetitivos será, então, 50% dessacarga isométrica máxima (IIDA, 2005).3.2.1. Sistema de avaliação: NIOSHIA equação de NIOSHI (National Institute for Occupational Safety and Health – EUA) foidesenvolvida para calcular o peso limite recomendável em tarefas repetitivas de levantamentode cargas. Essa equação foi desenvolvida inicialmente em 1981 e revisada em 1991, tendo oobjetivo de prevenir ou reduzir a ocorrência de dores causadas pelo levantamento de cargas.Ela refere-se apenas à tarefa de apanhar uma carga e deslocá-la para depositá-la em outronível, usando as duas mãos (IIDA, 2005).A equação estabelece um valor de referência de 23kg que corresponde à capacidade delevantamento no plano sagital, de uma altura de 75cm do solo, para um deslocamento verticalde 25cm, segurando-se a carga a 25cm do corpo. Essa seria a carga aceitável para 99% dos10

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.homens e 75% das mulheres sem provocar nenhum dano físico, em trabalhos repetitivos. Essevalor de referência é multiplicado por 6 fatores de redução, que dependem das condições detrabalho. São definidas as seguintes variáveis (IIDA, 2005): LPR: limite de peso recomendável; H: distância horizontal entre o indivíduo e a carga (posição das mãos) em cm; V: distância vertical na origem da carga (posição das mãos) em cm; D: deslocamento vertical, entre a origem e o destino, em cm; A: ângulo de assimetria, medido a partir do plano sagital, em graus; F: frequência média de levantamento em levantamentos/min; C: qualidade da pegaLPR 23 x (25/H) x (1-0,003/[v-75]) x (0,82 4,5/D) x (1-0,0032 x A) x F x CO resultado da equação de NIOSH é o LPR: limite de peso recomendável. Assim, o peso realcarregado pelo trabalhador não deve ultrapassar o LPR, realizando-se assim a análise delevantamento de carga.6. MetodologiaA pesquisa é de caráter descritivo exploratório, de natureza quantitativa e qualitativa,em relação aos dados obtidos. Para a coleta de dados foram realizadas pesquisas referentes àsmetodologias de análise ergonômica, focando no método OWAS de análise postural, e nométodo NIOSH para análise do levantamento de carga, assim como da literatura especializada(LAKATOS e MARCONI, 2001).A coleta de dados foi realizada através da observação de postura dos trabalhadores aoexecutarem suas tarefas, e também foram coletadas fotografias para análise detalhada dapostura dos mesmos, através da aplicação da metodologia OWAS de análise postural. Já paraa análise do levantamento de carga foi aplicado o método NIOSH, e foram realizadas11

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.medições das variáveis necessárias, de acordo com a tópico 3.2.1, apresentado anteriormente.As cargas foram medidas na própria fábrica, através de uma balança sem tara, para consideraro peso total levantado pelos trabalhadores.O diagnóstico de postura é fornecido através das classes exibidas em 3.1.1, de acordo com osistema OWAS. Já o diagnóstico de carga é dado pelo LPR (limite de peso recomendado), demodo que se o peso real for maiorl que o LPR, o posto deve receber atenção para a realizaçãode mudanças.7. ResultadosA seguir estão os resultados obtidos para a análise de postura e carga realizada em umafábrica de sorvetes no interior do Paraná. Foram identificados 7 postos de trabalho, conformea seguir: pasteurização, saborização, envase, embalagem, palitos picolé, saborização picolé ecarregamento para entrega. Os diagnósticos serão apresentados em tabelas para facilitar acompreensão, conforme a seguir:Figura 7 – Posto 1 - PasteurizaçãoFonte: Autores (2013)O Posto 1 foi analisado em 3 situações distintas, pois conforme pode ser observado naimagem acima, as caixas de leite são removidas conforme esvaziam, aumentando a distânciaD, de modo que NIOSH foi aplicado 3 vezes. Porém, em todas as situações a carga esteveadequada, pois o peso levantado é de 3 Kg, e o menor LPR é 3,032 Kg. Porém em relação à12

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.postura, a mesma foi identificada como Classe 2, ou seja, a postura deve ser verificadadurante a próxima revisão rotineira dos métodos de trabalho.Figura 8 – Posto 2 - SaborizaçãoFonte: Autores (2013)O Posto 2 foi analisado em 2 situações distintas, pois conforme pode ser observado naimagem acima, pois a calda do sorvete primeiro precisa passar por um liquidificador e emseguida ir para a saborização. Em relação à postura, amnbos os postos estão adequados,porém em relação à carga foi encontrado um LPR de 9,867 Kg no liquidificador e 9,133 Kgna saborização, sendo que a carga real é de 13,8 Kg. Portanto, ambos os postos carecem demedidas para corrigir a carga levantada. Sugeriu-se reduzir o volume do balde utilizado, paraadequar-se à equação de NIOSH.Figura 9 – Postos 3 e 4 – Envase e EmbalagemFonte: Autores (2013)13

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.Nos postos 3 e 4 não há levantamento de carga, por isso aplicou-se apenas o método OWASpara análise da postura. No posto de Envase é necessário verificá-lo na próxima revisão, e noposto 4 não há necessidade de mudanças no momento. Sugere-se para o posto 3 a elevação dabancada, para evitar que o trabalhador precise inclinar sua coluna vertebral e assim corrigirsua postura.Figura 10 – Postos 5 e 6 – Palitos e Saborização de PicoléFonte: Autores (2013)Nos postos 5 e 6 a postura encontra-se adequada. Quanto à carga, na situação real o pesolevantado é de 7 Kg, portanto o posto está adequado, já que o peso encontra-se abaixo nolimite de peso recomendado, que é de 10,995 Kg.Figura 11 – Posto 7 – Carregamento para entregaFonte: Autores (2013)O posto 7 é considerado adequado de acordo com a metodologia OWAS, porém é um casograve em relação à carga. O limite de peso recomendado é de 9,716 Kg, porém a carga real é14

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.de 28 Kg, ou seja, quase 3 vezes mais do que o recomendado. Medidas devem serimplementadas imediatamente para reduzir os riscos no trabalho. Foi sugerida a utilização depaleteira ou de carro de transporte.8. Considerações FinaisA Ergonomia busca em essência adaptar o trabalho ao homem, porém para atingir esteobjetivo é necessário conhecer detalhadamente o ambiente de trabalho, as ferramentasdisponíveis e como o trabalhador se relaciona com o seu posto de trabalho. Para facilitar aobtenção de dados e interpretação dos mesmos, existem diversas ferramentas de análise,sendo que neste trabalho foram aplicadas duas: método OWAS de análise postural e métodoNIOSH para análise do levantamento de carga.Os resultados obtidos demonstraram que há poucas preocupações quanto à postura, porém ospostos 1 e 3 devem receber atenção durante a próxima análise ergonômica para que a situaçãoatual possa ser melhorada. Porém em relação à carga, foram encontradas cargas de peso acimado limite recomendado nos postos 2 e 7, sendo que o posto 7 é o caso crítico na fábrica, poiso operador está levantando uma carga aproximadamente 3 vezes maior que o recomendado.Após o diagnóstico dos postos de trabalho foram realizadas sugestões à empresa para que ospostos sejam adequados aos trabalhadores, e posteriormente será executada nova análise nospostos com problemas para verificar a eficácia das ações propostas pelos pesquisadores.REFERÊNCIASALVAREZ, B.R. Qualidade de vida relacionada à saúde de trabalhadores. Dissertação.Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 1996.BRASIL. Ministério do Trabalho. Normas Regulamentadoras de segurança e saúde notrabalho. NR 17 - Ergonomia. Disponível 914E6012BEFBAD7064803/nr 17.pdf,acesso em 20-04-2013.FIEDLER, N.C.; VENTUROLI, F.; MINETTI, L.J. Análise de fatores ambientais emmarcenarias no Distrito Federal. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,v. 10, p. 679-85, 2006.15

XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAOA Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas ProdutivosSalvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2º ed. São Paulo Blucher, 2005.LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. 6ºed., SãoPaulo: Atlas, 2006MATOS, C.H.; PROENÇA, R.P.C. Condições de trabalho e estado nutricional de operadoresdo setor de alimentação coletiva: um estudo de caso. Revista Nutrição, v. 16, p. 493-502,2003.SILVA, M.C. Meio ambiente como fator limitante no desempenho do trabalho e segurança dotrabalhador. R. Cad Inf Prev Acid, 183, p. 32-40, 1995.SOUSA, A.A., PROENÇA, R.P.C. Tecnologias de gestão dos cuidados nutricionais:recomendações para qualificação do atendimento nas unidades de alimentação e nutriçãohospitalares. Revista Nutrição, v. 17, p. 425-436, 2004.SZELWAR, L.I.; LANCMAN, S.; JOHLBEN, W.M.; ALVARINHO, E.; SANTOS, M.Análise do trabalho e serviço de limpeza hospitalar: contribuições da ergonomia e dapsicodinâmica do trabalho. R. Prod.; 14:45-57, 200416

A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013. 7 Fonte: Na Lei, 2009 De acordo com Rio e Pires (2001), a hérnia de disco nem sempre é um evento agudo, mas