ENGLISH AS A LINGUA FRANCA IN RUSSIA: A SOCIOLINGUISTIC .

Transcription

UNIVERSIDADE DE LISBOAFACULDADE DE LETRASDEPARTAMENTO DE ESTUDOS ANGLÍSTICOSENGLISH AS A LINGUA FRANCA IN RUSSIA:A SOCIOLINGUISTIC PROFILE OFTHREE GENERATIONS OF ENGLISH USERSOlesya LazaretnayaDOUTORAMENTO EM LINGUÍSTICAEspecialidade em Linguística Inglesa2012

UNIVERSIDADE DE LISBOAFACULDADE DE LETRASDEPARTAMENTO DE ESTUDOS ANGLÍSTICOSENGLISH AS A LINGUA FRANCA IN RUSSIA:A SOCIOLINGUISTIC PROFILE OFTHREE GENERATIONS OF ENGLISH USERSOlesya LazaretnayaTese orientada pelaProfessora Doutora Maria Luísa Fernandes AzuagaDOUTORAMENTO EM LINGUÍSTICAEspecialidade em Linguística Inglesa2012

as English becomes more widely used as aglobal language, it will become expected thatspeakers will signal their nationality, and otheraspects of their identity, through English.David Graddol

AcknowledgementsI want to thank all the people who have contributed to this dissertation in variousways.I am also bound to the Faculty of Letters of the University of Lisbon for accepting meas a PhD student and giving the opportunity to start this research.Foremost, I would like to express my sincere gratitude to my advisor Luísa Azuagawho took up this challenge to guide my research and allowed me to find my own line of work.Her experience and invaluable feedback especially in the final phase substantially improvedthis study. I would also like to thank her for helping to integrate into the Centre for EnglishStudies at the University of Lisbon and also for offering me opportunities to work on diverseprojects. It was precious experience for me.I thank all my colleagues from the Research Group: Linguistics: Language, Cultureand Society (RG5) for their generous encouragement in difficult times. Their enthusiasm,interest, motivation and zeal in carrying out various research projects always served as anexample.I am especially grateful to Susana Clemente for her help in processing questionnairedata and later on for her feedback on the questionnaire analysis.I have furthermore to thank Alexander I. Lysikov, the head of the Moscow RegionalPedagogical College, situated in the Moscow region, Serpukhov, for allowing me to carry outthe survey of student population, making up one of the focus groups of the empirical study ofthis research.I would like to thank all the researchers who gave me food for inspiration and helpedme to clarify my own understanding of issues under discussion. During my investigation, Ihave largely benefited from Barbara Seidlhofer, David Graddol, Elizabeth Erling, JenniferJenkins, Marko Modiano, and many other researchers.I am also grateful to the group of Russian scholars and educators who contributed forthe visibility of Russian studies into the English language by sharing their experience involume 24 of World Englishes. Particularly, I am indebted to Zoya G. Proshina and Irina P.Ustinova who served as a source of inspiration.My thanks go to Liudmila Iabs and António Mendonça for their help at differentstages of this research.Last but not least, I would like to give special thanks to my family whose love andencouragement made this research possible.iv

ResumoHá muito que a língua inglesa ultrapassou as fronteiras das comunidades dos seusfalantes nativos, sendo a sua expansão pelo mundo um fenómeno único e sem paralelo,intimamente associada ao seu reconhecimento como língua franca global. Este estatuto dalíngua inglesa como recurso universal e meio de comunicação internacional e interculturaljustifica o crescente número de pessoas que usa esta língua: de facto, há, hoje em dia, maisgente a recorrer ao inglês como segunda língua e/ou como língua estrangeira do que háfalantes nativos. Assim, a língua inglesa é actualmente um bem partilhado por milhões deindivíduos e comunidades, independentemente da sua identidade nacional ou geográfica.Neste quadro, considerando o caso particular da Rússia, verifica-se que o inglês, nestepaís, surge num vasto leque de domínios como a educação, o trabalho, os media, apublicidade e muitos outros, sendo esta sua utilização frequentemente atribuída ao prestígiode que gozam os falantes de inglês nas esferas social, cultural e económica.Sublinhe-se que, presentemente, a comunidade dos falantes de inglês na Rússia émaioritariamente composta por indivíduos para quem o inglês é uma língua estrangeira, noentanto, em função da proficiência e da situação envolvida, a língua inglesa aparecerelacionada com realidades linguísticas diversas, incluindo variedades locais de inglês russocomo o Runglish e o Ruslish. Porém, a penetração da língua inglesa na sociedade russa não étão profunda como noutros países, dependendo as particularidades da situação do inglês nocontexto nacional da política linguística que é, em grande medida, produto de estratégiaspolíticas dentro e fora do país.Como a compreensão do corrente estatuto do inglês neste país será impossível semuma descrição retrospetiva da forma como a língua se desenvolveu historicamente nocontexto nacional russo, tendo em mente certos fatores condicionantes, a difusão do inglês naRússia é apresentada neste trabalho numa perspectiva simultaneamente diacrónica esincrónica, baseada em três períodos fundamentais da história russa moderna: a Guerra Fria(1947-1991), o período pós-Perestroika (1992-1999) e a Nova Rússia (a partir de 2000).O quadro teórico em que se desenvolve a investigação baseia-se numaconceptualização inovadora do inglês como língua internacional, ou língua franca,ultimamente considerado em largo uso nos países com comunidades de falantes não nativosde inglês. Este termo, vem sendo aplicável à língua, quando se verefica que o inglês passou aser usado como meio de comunicação por um elevado número de indivíduos, para quem este,v

não sendo língua mãe, não pode ser visto como uma língua estrangeira, pois faz parte da suavida quotidiana, ou é a língua utilizada em diversas situações.Esta dissertação revisita também abordagens anteriores desta questão, de um ponto devista de uma nova ordem linguística, tendo em conta contextos emergentes de aquisição dalíngua, o seu presente uso e utilizadores, e novas funções e instâncias de interação. O cerne dareflexão, porém, é a maioria dos falantes da língua, que são predominantemente falantes nãonativos. Sublinha ainda o facto de que os usos internacionais do inglês em novos contextosgeográficos, históricos, comportamentais, linguísticos e sociolinguísticos acaba por resultarnuma diminuição das diferenças entre falantes nativos e não-nativos.Uma vez que os processos de globalização e internalização têm implicações distintaspara diferentes comunidades, dependendo largamente da história, politica, cultura e políticalinguística de cada país, o presente trabalho examina a presença do inglês num contextonacional particular. Procura assim esclarecer o estatuto do inglês na Rússia e o modo como osrussos são afetados pela sua presença, bem como a forma como a língua é adaptada aocontexto local, e como os indivíduos reagem ao seu uso.Devido à sua situação histórica peculiar e aos anos em que a Cortina de Ferro dominoua vida europeia, o desenvolvimento das relações anglo-russas viveu períodos de altos ebaixos. Vale a pena mencionar que a Rússia procurou resistir à influência da língua inglesa nalíngua e na cultura russas durante a maior parte da sua história. Antes de 1985, não existiampraticamente contactos entre a União Soviética e o Ocidente; esta situação alterou-se com asreformas da Perestroika, trazendo uma abertura ao Ocidente na política externa, na economiae nos modos de vida. No entanto, mesmo hoje, quando o país parece ter finalmentecompletado a transição para uma ordem democrática numa perspetiva globalizada, aresistência politica, económica, cultural, social e linguística à influencia do inglês permaneceforte. Esta característica da paisagem linguística russa deve-se a uma politica governamentalorientada para a proteção da identidade nacional e cultural pelo reforço da posição da línguarussa. A maior contradição, porém, é que, na Rússia atual, o inglês é reconhecido como línguafranca universal, sendo a mais popular das línguas estrangeiras, aprendida em todos os níveisdo sistema educativo.O trabalho inclui também uma pesquisa empírica focada em três gerações de falantesrussos da língua inglesa que evidencia as atitudes perante a presença do inglês na Rússia, osseus usos, modelos e variações, bem como as suas perspetivas no contexto nacional. Olevantamento pretende mostrar como as transformações na política linguística e navi

aprendizagem das línguas influenciaram as atitudes em relação ao inglês e ao seudesenvolvimento em ambientes específicos.Os resultados desta pesquisa revelam que a aprendizagem da língua tem efeitossignificativos nas atitudes e perceções dos indivíduos face à língua inglesa, à sua aquisição eaos padrões de ensino. A maioria dos falantes de inglês na Rússia ainda se confronta comperceções estereotipadas, impostas por tradições pedagógicas; em consequência, avaliam asua proficiência pela proximidade com os falantes nativos - na sua maioria, demonstrando asua preferência pelo inglês britânico e proficiência equivalente à nativa.Defendendo o princípio de uma nova abordagem do inglês no quadro do seu ensino,acentua-se que, hoje em dia, o largo leque de domínios de uso do inglês torna problemáticoavaliar o lugar da Rússia no conjunto de países onde o inglês é ensinado e aprendidoexclusivamente como língua estrangeira. A esta luz, um passo importante é a tentativa deestabelecer novos modelos e estratégias de ensino da língua inglesa, questionando os modelostradicionais dos falantes nativos e as normas exonormativas do inglês como língua nativa, emfavor da competência e eficiência comunicativa em contextos internacionais alargados.Os resultados desta pesquisa sugerem a necessidade de reajustamentos significativosna pesquisa teórica, em linguística aplicada e no ensino do inglês. Tais mudanças incluemuma reavaliação em termos de falantes de inglês, da dicotomia nativo versus não-nativo, dasnoções de padrão e de variação, e dos domínios do uso linguístico. Estudos recentes tambémsustentam uma reorientação do ensino do inglês como língua franca, envolvendo o estudo doinglês em vários contextos, a consciência pedagógica e a aceitação de variantes linguísticaspara lado do padrão, a mudança de uma abordagem monolingue para pluricêntrica no ensinoda língua, e a enfase na aquisição de aptidões comunicativas.Com este estudo, esperamos que as considerações e implicações teóricas aquiassinaladas para a linguística aplicada e o ensino da língua possam servir de base parapesquisas posteriores nestes campos e nos seus usos, no contexto específico da Rússia.Pesquisas mais abrangentes sobre o estudo da política e da ideologia linguísticas são tambémnecessárias.Palavras-chaves:Inglês como língua estrangeira, inglês como língua franca, variação, inglês russo, ensino deinglês.vii

AbstractThe current spread of English is closely associated with the acknowledgement of thelanguage as a world lingua franca, having the processes of globalization and internatializationdifferent implications for various communities, largely depending on the specific history,politics, culture, and language policy of the country.In Russia, such unprecedented spread, most frequently attributed to the status ensuredto speakers of English in social, cultural, and economic spheres, manifests itself in a range ofdomains such as education, workplace, media, entertainment, advertising, creative andidentity domains.In use both as a foreign language and, more widely, as a lingua franca, English inRussia builds links to the international community, and serves as a language of expression ofnational and cultural identity, being related to many Englishes, including such local varietiesas Russian English, Runglish and/or Ruslish, depending on the level of proficiency of its usersand the situation involved.This dissertation examines the presence of English in the particular national context ofRussia by focusing on three generations of Russian users of English. The findings of theempirical research bring to the surface the attitudes towards the presence of English, itsusages, models, variation, as well as its prospects in the national context.This survey suggests the need for significant readjustments in theoretical research,applied linguistics, and English teaching. Such changes include the reappraisal of the nativeversus non-native dichotomy, the notions of “standard” and “variation”, and domains oflanguage use. In English language teaching, the reorientation involves the study of English invarious contexts, teaching awareness and acceptance of other varieties besides standard ones,the shift from the monolingual to the pluricentric approach in language instruction, and theemphasis on the acquisition and development of communicative abilities.Key-words:English as a foreign language, English as a lingua franca, variation, Russian English, Englishlanguage teaching.viii

Table of ContentsAcknowledgmentsivResumovAbstractviiiList of AbbreviationsxiiList of FiguresxivList of TablesxvIntroduction11. English in Russia: Historical Development and Current Status61.1. English-Russian relations: a general historical overview71.1.1. The period of the Cold War71.1.2. The post-perestroika period131.1.3. The New Russia epoch161.2. Today’s English presence in Russia161.2.1. Tourism171.2.2. Employability201.2.3. Internet communication211.3. Languages and Russian society221.3.1. Attitudes towards English231.3.2. Incentives taken to protect the Russian language251.3.3. Multilingualism as a plus factor271.4. Summary302. New Approaches to English: Russian Contributions and Other Theoretical32Insights2.1. English studies: Russia’s catching up with the West332.2. Rethinking English: approaches and models362.3. Overview of recent developments in the research442.3.1. Towards EIL / ELF45ix

2.3.2. ELF: clarifying comparisons and misconceptions492.3.3. ELF: an English v

Devido à sua situação histórica peculiar e aos anos em que a Cortina de Ferro dominou a vida europeia, o desenvolvimento das relações anglo-russas viveu períodos de altos e baixos. Vale a pena mencionar que a Rússia procurou resistir à influência da língua inglesa na língua e na cultura russas durante a maior parte da sua história. Antes de 1985, não existiam praticamente .