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menu ICTR20 04 menu inic ialICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS EDESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVELCostão do Santinho – Florianópolis – Santa CatarinaANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO MONTE ALEGRE E AFLUENTES,RIBEIRÃO PRETO, SP: REFLEXÕES SOBRE OS EFEITOS NA SAÚDE DERIVADOS DAUTILIZAÇÃO DESSAS ÁGUASMeire NikaidoAline da Silva OliveiraTânia Maria Beltramini TrevilatoSusana Inés Segura-MuñozPRÓXIMARealização:ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento SustentávelNISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP

menu ICTR20 04 menu inic ialANÁLISE DA QUALIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO MONTEALEGRE E AFLUENTES, RIBEIRÃO PRETO, SP: REFLEXÕESSOBRE OS EFEITOS NA SAÚDE DERIVADOS DAUTILIZAÇÃO DESSAS ÁGUASMeire Nikaido1Aline da Silva Oliveira2Tânia Maria Beltramini Trevilato3Susana Inés Segura-Muñoz4RESUMO: O presente estudo teve como objetivo a análise da água superficial docórrego Monte Alegre e afluentes que estão localizados nas proximidades do AterroSanitário (AS) e do antigo Incinerador de Resíduos de Serviços de Saúde (IRSS) deRibeirão Preto. Foram coletadas 20 amostras de água superficial do córrego e afluentesem diversos pontos ao longo do seu curso, considerando, além da carga de efluenteslíquidos que recebe do AS e do IRSS, os efluentes de uma indústria açucareira e doHospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. No presentetrabalho foi avaliada a presença ou ausência de Coliformes totais e E.coli., o pH, assimcomo os níveis de Cd, Cr, Cu, Hg, Mn, Pb e Zn. Os resultados acusaram presença deColiformes totais e E.coli em todas as amostras coletadas. Os valores de pH variaramentre 6,40 e 7,61. Os níveis de Cd, Cr, Cu e Zn apresentaram-se abaixo dos valoresmáximos permitidos segundo a Res. CONAMA 20/1989, a Portaria 1469/2000-MS eValores Guia da OMS-1995, porém os níveis de Hg, Mn e Pb apresentaram valoresmédios superiores ao valor máximo permitido pelas referidas normas. Considerando osresultados, verifica-se que a qualidade da água do Córrego Monte Alegre e tributáriosvem sendo afetada pela descarga de esgoto de diferentes atividades desenvolvidas naárea, motivo pelo qual, verifica-se que a utilização dessa água para irrigação de hortaspode acarretar agravos à saúde, decorrentes da contaminação dos vegetais e seusubseqüente consumo.Palavras-chave: Análise de água, Coliformes totais, Escherichia coli, metais pesados.1. Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,Universidade de São Paulo. Bolsista de Iniciação Científica junto ao Laboratório de Saúde Ambiental –EERP/USP (FAPESP).2. Mestranda do Programa de Enfermagem em Saúde Pública do Departamento de EnfermagemMaterno-Infantil e Saúde Pública. Laboratório de Saúde Ambiental - EERP/USP (FAPESP).3. Biologista da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Setor de Metais.Laboratório de Pediatria do Hospital das Clínicas. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP.4. Profa. Dra. ProDoc/CAPES do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública daEscola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Laboratório de Saúde Ambiental –EERP/USP (Orientadora do estudo).E-mail para contato: susis@eerp.usp.br ou meirenk@yahoo.com.br2581anter iorpróxima

menu ICTR20 04 menu inic ialINTRODUÇÃOCertas impurezas de ordem física, química ou biológica podem ocorrernaturalmente na água, porém suas concentrações devem obedecer parâmetrosestabelecidos pelos órgãos de saúde pública como padrões de potabilidade, afim deque não prejudiquem a saúde humana1.As doenças de veiculação hídrica são causadas principalmente pormicroorganismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana, transmitidosbasicamente pela rota fecal-oral, ou seja, são excretados nas fezes de indivíduosinfectados e ingeridos na forma de água ou alimento contaminado por água poluída comfezes2. Os coliformes totais, coliformes fecais e estreptococos fecais podem serutilizados como indicadores de poluição fecal na água3.Além dos problemas derivados da contaminação microbiológica, o perigo dacontaminação química também gera preocupações para a saúde pública. Dentre osdiferentes contaminantes químicos, o estudo dos metais pesados vem sendoconsiderado prioritário nos programas de promoção da saúde em escala mundial.Além dos metais essenciais, benéficos em ínfimas quantidades por seremdeterminantes na síntese de enzimas, a água pode conter metais tóxicos que podemcausar doenças ao ser humano. Metais pesados como cádmio (Cd), cromo (Cr), cobre(Cu), mercúrio (Hg), manganês (Mn), chumbo (Pb) e zinco (Zn) podem atingir os corposde água, procedentes de águas residuais originadas de diferentes atividades humanas,representando risco para a saúde humana.O município de Ribeirão Preto está localizado na região Nordeste do Estado deSão Paulo, atualmente, possui uma população de cerca de 504.923 habitantes e umaárea de 651 km2 4. Os cursos d’água que cortam a cidade estão sendo afetados peladescarga de esgoto, aliado ao lixo que é carregado pelas chuvas ou é deliberadamentedepositado pela população5.O córrego Monte Alegre e seus afluentes são tributários do Ribeirão Preto,componentes da Bacia do Rio Pardo, constituem-se em cursos d’água oriundos de áreaintensamente modificada6, recebendo influência direta de um complexo agroindustrialprodutor de açúcar e álcool, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, do AterroSanitário Municipal (ASM) e do antigo Incinerador de Resíduos de Serviço de Saúde(IRSS).Considerando que, os despejos industriais, agrícolas, domésticos e hospitalares,quando lançados no córrego Monte Alegre e afluentes comprometem seriamente aqualidade de suas águas, este estudo tem como objetivo avaliar a presença ouausência de Coliformes Totais e E. Coli, quantificar os níveis de Cd, Cr, Cu, Hg, Mn, Pbe Zn, assim como os teores de pH na água superficial do córrego Monte Alegre eafluentes.MATERIAL E MÉTODOSForam coletadas 20 amostras de água nos pontos especificados ao longo doscursos de água (Fig.1).2582anter iorpróxima

menu ICTR20 04 menu inic ialFigura 1. Pontos da coleta de amostras da água superficial do córregoMonte Alegre e afluentes.Figura 2. Plantio de hortaliças nas proximidades do córrego MonteAlegre e afluentes (Fonte: Segura-Muñoz & Nikaido 2004).2583anter iorpróxima

menu ICTR20 04 menu inic ialColeta de amostras: As amostras para a análise microbiológica foram coletadas embolsas esterilizadas tipo Nasco, acondicionadas em uma caixa térmica com gelo. Asamostras para a análise de metais pesados foram coletadas em garrafas previamentelavadas com HNO3 (30%). As amostras foram transportadas ao Laboratório de Pediatriada Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde foram realizados os procedimentosnecessários para a análise bacteriológica e físico-química.Análise Microbiológica: Foi utilizado o Colilert Teste P/A (Presença ou Ausência),reconhecido pela Standard Methods for the Examination for Water and Wastewater7,que permite a detecção simultânea de Coliformes Totais e Escherichia coli em água,baseado no Princípio do Substrato Definido. O conteúdo de um frasconete Colilert foiadicionado a cada amostra de 100 ml de água coletada. A amostra foi vedada e agitadaaté dissolução completa do reagente. O material foi incubado por 24 horas atemperatura de 35 C 0.5 C. Após o período de incubação, foi feita a leitura dosresultados: o desenvolvimento de coloração amarela indicou a presença de ColiformesTotais e a observação de fluorescência mediante a utilização de uma lâmpada UV (6Wde potência e 365 nm) confirmou a presença de E.Coli. No presente estudo, foramutilizados como controle amostras de água Milli-Q.Análise de pH: A leitura do pH da água foi realizada pelo método potenciométrico,utilizando pHmetro modelo Q-400/QUIMIS com eletrodo combinado de baixa forçaiônica (QA-338/BFI).Dosagem de metais: As amostras de água foram centrifugadas e o sobrenadanteseparado para posterior leitura dos metais pesados7. As dosagens de Cd, Cr, Cu, Mn ePb foram realizadas por Espectrofotometria de Absorção Atômica com Forno de Grafite(VARIAN-ZEEMAN modelo 640-Z). A dosagem de Hg foi realizada porEspectrofotometria de Absorção Atômica com Geração de Hidreto (VARIAN, modeloAA-200), e a dosagem de Zn por Espectrofotometria de Absorção Atômica de Chama(VARIAN, modelo AA-200). Os limites de detecção dos métodos utilizados para aanálise dos metais pesados são 0,01 ug/L para Cd e Hg; 0,1 ug/L para Pb, Cr, Zn e Mne 0,5 ug/L para Cu. Foram utilizados padrões certificantes de água não potável (NW343; NW 344; NW 348), procedentes do Instituto Quality Control Technologies Pty Ltd.,Queensland, Austrália.Análise dos dados: Os testes Estatísticos foram realizados utilizando o ProgramaEstatístico GraphPad Prism (Version 3.02 for Windows, GraphPad Software, SanDiego, CA,USA). Correlações entre os parâmetros analisados foram realizadasaplicando o Teste r-Spearman8. Probabilidade de 0,05 o menos foi considerada comosignificante. Os resultados foram analisados considerando a Portaria N 1469, de 29 dedezembro de 20009, a Resolução CONAMA N 020, de 18 de junho de 198610, etambém, os parâmetros recomendados pela OMS no Guia de Valores para Qualidadeda Água Potável11.RESULTADOSOs resultados obtidos nos testes microbiológicos para presença e ausência deColiformes Totais e E. coli, foram positivos para todas as amostras avaliadas. Os teoresde pH variaram entre 6,40 e 7,61.2584anter iorpróxima

menu ICTR20 04 menu inic ialNa Tab.1 são apresentados os valores médios, desvio padrão, mediana, valormínimo e máximo das concentrações de cada metal pesquisado, em ug/L,considerando-se todas as amostragens realizadas. Nessa mesma tabela, também sãoapresentados os valores máximos recomendados pelas diferentes normas reguladoras.Tabela 1. Concentração de metais nas amostras de água superficial coletadasno córrego Monte Alegre e afluentes, e respectivos valores máximos permitidos(expressados em ug/L)ParâmetroCdCrCuHgMnPbZnMédiaDesvio PadrãoMedianaValor MínimoValor MáximoValores normais(V.M.P*)Res.CONAMAN 20/1989 BrasilPortaria MSN 1469/2000 BrasilValores Guia 000110010500035020000,0010,51030001,234 183,185 31,380 9,6150,599 110,441 20,198 7,3931,428 137,25 29,45 7,1750,28573,3 5,00 1,8002,015490,4 83,2 29,45*V.M.P: Valores máximos permitidosN.D: Valores abaixo do limite de detecçãoTambém, foi estimada a correlação existente entre os valores de pH e o nível decada metal avaliado para as amostras analisadas, os dados obtidos constam na Tab.2.Tabela 2. Correlação estatística dos resultados obtidos para pH e metais naágua coletada no córrego Monte Alegre e afluentes.ParâmetropH-Cd pH-Cr pH-Cu pH-HgpH-MnpH-Pb pH-ZnSpearman r 0.1479 0.3691 0.3267 0.1636P value0.5335 0.1092 0,1598 0,4907SignificânciaNSNSNSNSNS: Estatisticamente não significante (p 0,05).0,35560,1239NS0,1145 0.21250,6307 0,368NSNSDISCUSSÃOAs bactérias do grupo coliformes normalmente não são patogênicas, porém, suapresença também infere a presença potencial de patogênicos, considerando que asbactérias patogênicas veiculadas por água estão sempre associadas às fezes12. Aconstatação da presença de Coliformes Totais e E. coli nas águas superficiais docórrego Monte Alegre e afluentes evidencia o provável despejo de esgotos domiciliares2585anter iorpróxima